quarta-feira, 12 de março de 2014

NILMAR E SAVIOLA VII - O FIM DA NOVELA

   Peço desculpas pela interrupção da novela. Um trabalho pesado me tirou da sintonia com o blog, mas a história de NILMAR e SAVIOLA teve um final e não vou ficar devendo. Aqui vai.
   Não seja tão apressado, leitor. Não me julgue apenas pelo post anterior, sobre a história da tentativa de contratar Saviola, sem ler este post. Julga-me pelo conjunto da obra.
   A intenção de trazer Saviola, dado que a negociação com Nilmar apresentava dificuldades cada vez maiores, era um desejo do Luís César torcedor. Todo o dirigente é também um torcedor. Eu como torcedor sou passional ao extremo, sou irresponsável e inconsequente. Eu, na condição de torcedor, posso, estou autorizado a não medir consequências. Quero meu time para cima, martelando o adversário, como já disse, não dando folga nem para os caras respirarem; com posse de bola objetiva, vertical, agressiva. Quero transformar tudo isso em gols, em goleada, em “chocolate”; botar o adversário na “rodinha de bobo”, humilhar os caras, gritar: “Olé! Olé”. Eu como torcedor posso pensar assim. Já na condição de dirigente eu não posso ser só isso. Tenho que ser responsável, consequente, ponderado e prudente. Tenho que subordinar as contratações a um plano. O planejamento do futebol não se restringe a uma temporada. Vai além, é continuidade. No INTER um mandato de uma diretoria dura dois anos. O planejamento também. Não fosse assim não haveria sentido na contratação do Alan Patrick, que pelo que soubemos tinha jogado umas quinze partidas apenas na temporada anterior, na Ucrânia. Ou o Alex, que tinha jogado isso ou menos nas Arábias. Ambos estavam em fim de temporada, tinham tido férias e não tinham feito pré-temporada. Os dois só podem dar resposta neste ano, de 2014, não tinha como desempenharem todo o futebol que sabemos que eles têm em 2013. Tudo porque o futebol é planejado para, no mínimo, um mandato presidencial.
   
   Então o Luís César torcedor pedia ao Luís César dirigente:
- Pô, meu, contata o Saviola! Tem que contratar!
   E o Luís César dirigente respondia ao Luís César torcedor:
- Onde ele vai jogar nesse time?
   O torcedor respondia:
- Pela direita, formando uma linha de três, atrás do Damião, com o D’Ale e o Forlán.
   O dirigente perguntava:
- Tu só podes estar louco! Quem é que marca nesse teu time?
   E o torcedor:
- Os dois volantes, os dois zagueiros centrais e os dois zagueiros laterais.
   O dirigente:
- Tu tá de brincadeira comigo. Não tens visto os jogos? Não viste as dificuldades que o subsistema defensivo tem apresentado? Nesse teu quarteto de frente apenas o D’Ale e o Damião voltam para marcar. E ainda assim... Tu não podes estar falando sério!
  
   Foi assim que o torcedor Luís César foi convencido pelo dirigente, de que o sonho de ter Saviola no grupo só poderia prosperar se duas preliminares fossem superadas: SE Damião saísse E SE ele, Saviola, viesse para disputar uma das vagas no ataque, do mesmo jeito que veio o Scocco. Javier teria que amargar uma reserva e jogaria quando o treinador precisasse de um cara com suas características. Pontualmente.
   Saviola era um bom negócio. Muito bom. Tinha terminado seu contrato com o Málaga, ES. Não tinha vínculo com nenhum clube. Não cobrava nada pelo “aluguel do passe”, como se diz tradicionalmente. Ele não pediu luvas. Vinha só pelo salário e um salário que podíamos pagar. A pedida dele era muito mais ajustada às nossas condições estreitas orçamentárias do que alguns que já estavam aí. 
   Marcamos de nos encontrar com o agente do jogador no Rio de Janeiro, no próprio hotel da concentração. Não lembro qual era o jogo. Acho que foi o empate de 3x3 com o Botafogo. Diego Queiruga era o nome do agente do Javier Saviola. Deixamos tudo alinhavado, mas ele deixou claro que o jogador era alvo do interesse de um clube europeu que jogaria a UEFA Champions League. E que daria preferência a esse clube. Acabou acertando com o Olympiakos, da Grécia e meu sonho de torcedor acabou. A novela também. 

7 comentários:

  1. Tu eras um dos diretores de futebol e tocaste num ponto desse conflito dirigente x torcedor. Chegaste a cogitar um sistema de jogo e a pergunta que faço nesse caso é o como na prática chega-se a um consenso, da escolha de um jogador, o sistema de jogo apresentado de forma resumida, pode parecer ser seu, mas qual a garantia de que o jogador além da expectativa que dê resultado, haja a garantia também de que o treinador lhe dê a oportunidade ou decida usá-lo no esquema imaginado de cabeça pelo dirigente . Há um consenso ou o caminho é unilateral? de uma ponta ou outra?

    Há quem diga que o Dunga não se interessava em integrar os jovens à equipe, tanto que o Clemer fez aquela integração meio que se fosse quase uma resposta a lembrança deles e agora no atual momento o Abel, mantém os mais experientes e tarimbados na titularidade e acaba deixando os garotos ou para um jogo todo de garotos ou mesclado com reservas, nunca um ou dois em funções das quais, se avalia deficiência ou carência e que possam jogar junto com esses jogadores experientes.

    Logo a analise que se faz é que um pensamento de futebol do Clube (que acredito seja dificil, mas não imposivel implementar), acaba sucumbindo a boa vontade dos treinadores contratados. É certo pensar assim?

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    1. Sim, Gonçalves. A prerrogativa de decidir a escalação e o sistema de jogo é do treinador. Essa é a primeira condição usualmente colocada na negociação entre um treinador e os representantes de um clube. A diretoria tem a função de contratar e colocar o jogador à disposição da Comissão Técnica. E o faz. O emprego do jogador ou é resultado de conversas, de diálogo, ou da necessidade. Uma vez ouvi de um treinador: "o jogador que VOCÊS trouxeram chegou atrasado ao treino". Pouco tempo depois, a necessidade exigiu a escalação do mesmo jogador e ele aproveitou a oportunidade para provar sua utilidade. o treinador nunca mais o retirou do time.

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  2. Desculpe mas estaria errado, pois toda torcida estava farta de tantos velhos no time e todos os jogadores que citou nos post tinham 30 anos ou mais!!! fora o alan... continuaram contratando ex jogadores e continuariam!! Além de só mostrar que foram muito diplomáticos e lentos, times que planejam como na época carvalho contratavam meses antes, não perto da janela quando a panela de pressão esta quente!!!

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    1. Quanto à lentidão tu tens aparente razão, Telles. Ocorre que buscávamos um ou dois jogadores (um meia e um atacante) experientes e que fossem acréscimos efetivos de qualidade ao grupo. Isso foi resultado de algumas conversas e discussões com a Comissão Técnica. Jogadores com esse perfil estavam em final de temporada na Europa, ou na América e, o que é pior, envolvidos em competições em fases decisivas. Fica difícil conseguir contratar assim.

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  3. Não é o número de jogadores ofensivos que deixa um time faceiro. O que importa é quantos defendem. Na formação sonhada pelo autor, bastaria Otávio e Saviola voltarem para o time se defender com duas linhas de quatro. A maioria dos times europeus jogam assim. Nesta formação, Forlán não poderia atuar na esquerda, pois não tem vigor para atacar e defender durante 90 minutos.

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    1. Tens razão, Murilo. Só que, francamente, por maior que fosse minha admiração pelos dois, não acredito muito que o retorno de atacantes para auxiliar na marcação seja efetivo. Mesmo que seja um atacante voluntarioso e disciplinado como Leandro Damião. Tirando alguns casos excepcionais, como o do Jorge Henrique, que defende muito bem, a maior parte deles até volta, volta, mas não contribui efetivamente nas tarefas de marcação.

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  4. Este comentário foi removido pelo autor.

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