sexta-feira, 29 de maio de 2015

Piffero e Bolzan estão desarticulando a estrutura do futebol

     Sabe-se lá por que razão, mas o fato é que nem INTER, nem GRÊMIO têm hoje um Vice-Presidente dedicado ao futebol. Eles têm vices eleitos, vices de administração, vices de finanças, de marketing, mas não têm um Vice de Futebol. É como se um jornal não tivesse um diretor de redação; como se um hospital não tivesse um diretor médico; como se uma construtora não tivesse um diretor de engenharia.

         VOU DEFENDER AQUI A IDEIA DE QUE ESTE FATO SÓ DEMONSTRA QUE O QUE NÃO HÁ MESMO É ESTRATÉGIA 

     O economista e acadêmico norte-americano, Prof. Neil W. Chamberlain escreveu, certa feita, que a estrutura organizacional é a primeira forma de implementação da estratégia. Ou seja, o negócio principal, o core business, tem que ter posição destacada seja no organograma, seja em que forma for de representação da estrutura organizacional. Quando, num CLUBE DE FUTEBOL, se prescinde de um dirigente dedicado ao futebol, EM IGUAL NÍVEL HIERÁRQUICO dos demais dirigentes de administração, finanças, marketing, jurídico, etc., ISTO DIZ MUITA COISA. É uma daquelas OMISSÕES ELOQUENTES; um hiato que significa mais do que apenas isso. Trata-se de uma demonstração inequívoca da carência de estratégia. Um VP de Futebol é um anteparo importante para a posição do presidente, que pode aparecer como uma instância de recurso, na eventualidade disto ser necessário. A hiperexposição do presidente tira-lhe a possibilidade de atuar como um mediador de crises  e, acreditem, crises num "vestiário" é o que não falta. O VP deve fazer, se for leal ao presidente, o papel do "tira malvado", enquanto o presidente posa de diplomata, conciliador, estadista.
     Piffero e Bolzan estão equivocados ao centralizar demasiadamente o poder; em não contar com um VP de Futebol. Piffero, como já foi dirigente de futebol, e dos bons, não deve estar fazendo isto por vaidade. Pode ser por falta de confiança nos que o cercam. Pode ser por outro motivo, não sei. Mas erra ao não definir claramente, ao não conceder a algum de seus acólitos a investidura na responsabilidade do cargo. Os que o acompanham no futebol me parecem, salvo melhor juízo, acomodados, confortáveis numa posição caudatária. Se funcionar bem, eles estão lá. Se der errado, a culpa não foi deles.
     Bolzan eu não conheço. Só sei, pelas informações que tenho e que são de boas fontes, que é bom gestor. É corajoso. Não joga para a torcida. Faz aquilo que veio para fazer: garantir a sobrevivência e a perenidade do Grêmio. Mas erra também, ao centralizar as coisas do futebol. Deve estar ávido para deleitar-se com a possibilidade de conhecer por dentro essa máquina, que é um departamento de futebol. Esta tentação se abate sobre todos quantos têm a oportunidade de transitar "por trás da cortina". É normal. Ainda mais sendo o presidente. Mas é um equívoco, que pode ricochetear e feri-lo mortalmente.