Algumas lições aprendi nestes 25
anos de carreira na gestão de serviços de saúde. Uma delas, talvez a mais
importante, é que as chances de sucesso de um projeto aumentam muito se
aplicarmos os princípios da SIMPLICIDADE e do FOCO. A simplicidade é simples
assim: fazer tudo da forma mais simples possível, desde que garanta o
resultado. Simples. Simples mesmo, sem complicar. O foco é manter em
perspectiva apenas aquelas variáveis, aqueles fatos e dados DIRETAMENTE
relacionados aos objetivos que se quer atingir. Qualquer outro vai, sem nenhuma
dúvida, desviar nossa atenção, ou seja, vai nos DISTRAIR. Afrontar estes dois
princípios de ação e gerenciamento é conspirar contra o sucesso do projeto, do
empreendimento, da gestão.
Na última semana abusei da
paciência dos meus colegas, das minhas colegas, de Conselho Deliberativo (CD)
do INTER para dizer exatamente isto. As coisas estão acontecendo de uma forma
desordenada, incompreensível, quase opostas à lógica na gestão do clube, em
especial do futebol, e o Conselho está DISTRAÍDO, discutindo a saída do VP
Jurídico, debatendo manifestações preliminares de interesse em exploração do
Gigantinho e da área sul do Complexo Beira-Rio, polemizando sobre quais
personalidades coloradas vamos homenagear como nomes das ruas que cercam nosso
estádio, propondo novas categorias de sócios, entre outros assuntos. Para ser
justo, antes de mim, e na mesma linha, manifestou-se a conselheira Janice
Cardoso. Além de todos estes temas, todos relevantes, estamos imersos no
processo de reforma do estatuto do clube e do regimento interno do Conselho
Deliberativo. Tivemos eleições para a mesa diretora do CD. Tivemos criação e
nomeação de comissões permanentes do Conselho. Tivemos apresentações da
situação econômico-financeira do INTER. Discutimos o Profut, a proposta da
diretoria de contrair um empréstimo bancário que compromete as contas do clube
por 38 meses.
O Conselho está, sem nenhuma
dúvida, trabalhando muito. Os assuntos são muito relevantes, mas estão DISTRAINDO
o CD. Enquanto isto a diretoria vai erodindo a incipiente estrutura
profissional que o clube tinha, nomeando apoiadores políticos para comandar
áreas antes gerenciadas por profissionais do ramo; CONTRATANDO JOGADORES DE
ALTÍSSIMO RISCO DE FRACASSO POR REMUNERAÇÃO ABSURDAMENTE ELEVADA E PRAZOS
INCOMPREENSIVELMENTE ELÁSTICOS E CRIANDO “FATOS NOVOS” QUE REDUNDARAM NO
MAIOR VEXAME QUE EU, COMO COLORADO, JAMAIS IMAGINEI VIVER. DISTRAÇÃO, MUITA
DISTRAÇÃO.
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