sexta-feira, 9 de janeiro de 2015

O REPÓRTER TRAPALHÃO




Manhã de domingo. Sol sobre Porto Alegre. Calor agradável de meia-estação. O INTER jogava à tarde, pelo Campeonato Brasileiro, “em casa”, no Estádio do Vale, em Novo Hamburgo.
Acordei cedo, peguei o carro e saí. Liguei para o colega Eduardo Hausen, para ver se queria ir comigo. Ele iria um pouco mais tarde, com seu próprio carro. O presidente e outro dirigente do futebol tinham pernoitado com a delegação. Aproei o auto na direção da BR 116.
No caminho parei num posto de gasolina para abastecer e comprar uma água. Saía da loja de conveniência quando tocou o telefone.
-Alô.
- Alô. Dr. Luís César?
- Sim.
- Aqui é o FULANO 1, da Rádio TAL. Bom dia.
- Bom dia.
- O senhor poderia nos atender agora?
- Sim.
- Estamos apresentando o PROGRAMA X, com o comando do FULANO 2.
- Ok.
- Estamos terminando um bloco comercial. Mais trinta segundos e o FULANO 2 já chama o senhor. Ok?
- Claro. Aguardo.
Ouvi o final do comercial e entrou o áudio da trilha característica do programa e logo o apresentador entrou informando o horário, como de costume.
Largou aquele papo do “temos na linha o Dr. ...”
Fez algumas perguntas pertinentes, mas me concedeu o tempo que precisei para desenvolver o raciocínio. Sabe como é, sou professor como segunda profissão, desde os 18 anos, ou seja, há quase 40 anos.
O hábito professoral me impele a tentar sempre desenvolver um raciocínio de forma que possa ser entendido por todos os alunos, dos mais brilhantes aos outros.
Conversamos, dei o meu recado, procurei responder às perguntas do apresentador. Encerramos a conversa de forma amigável e cordial. Entrei no carro. Comecei a arrumar as coisas para partir, ouvindo a rádio. Foi quando entrou uma mensagem SMS no celular. No ar o apresentador do PROGRAMA X, da emissora TAL, estava chamando o repórter que fazia o setor do INTER naquela manhã e estava já lá, em Novo Hamburgo, no hotel da concentração. Olhei o celular antes de dar partida no veículo. O número estava identificado como do repórter, que naquele exato instante eu ouvia repercutir minha entrevista com o apresentador. Abri a mensagem. O cara tinha enviado uma mensagem para a produção do programa em questão me sacaneando. Eu estava com ele no celular e no áudio do rádio ao mesmo tempo. No celular me zoando. No ar, na rádio, falando sério e sendo respeitoso nas menções que fazia a meu respeito. Comecei a rir. O cara tinha errado o envio da mensagem, destinada ao seu colega que estava no estúdio, na produção do programa, e me enviara o texto com que queria me ridicularizar. Comecei a rir mais e mais. Quando me recobrei, mandei a ele uma mensagem SMS dando conta do equívoco cometido. Um segundo depois entrou outra mensagem dizendo que ele não tinha intenção, que blá, blá, blá. Eu não conseguia conter o riso imaginando a cara dele.
Quando cheguei ao saguão do hotel, em Novo Hamburgo, o cara estava lá, branco. Veio em minha direção se desculpando por ter nascido e blá, blá, blá.

Muito engraçado. Não foi a primeira vez que ele me sacaneou, mas daquela vez se deu mal.

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